A Código Não Binário marcou presença na primeira edição da Conferência Tecnologia e Sociedade, promovida pela Quebradev, com o tema provocador “Tecnologia Para Quem?”. O evento teve como objetivo central fomentar reflexões críticas sobre os impactos da tecnologia em nossas vidas, principalmente sob a perspectiva de grupos historicamente marginalizados. Em um mundo cada vez mais mediado por ferramentas digitais, torna-se essencial questionar: quem está desenvolvendo essas tecnologias? A serviço de quem elas operam? E, sobretudo, quem tem o poder de alterá-las?

As tecnologias, muitas vezes tratadas como neutras ou inevitáveis, são construídas por mãos humanas — por pessoas militantes, ativistas, trabalhadoras, pesquisadoras e outras tantas que, a partir de diferentes vivências, atuam para moldar o presente e o futuro digital. No entanto, essas ferramentas têm sido apropriadas, frequentemente, por estruturas de poder que reforçam desigualdades e silenciam vozes dissidentes. Por isso, perguntar “quem modifica as ferramentas que modificam o mundo?” é também uma forma de reivindicar autonomia, justiça e representatividade no campo tecnológico.

No dia 23, Veronyka Gimenes, integrante da Código Não Binário, participou da mesa de debate “Algoritmos nas redes: avanço da direita através do uso mais assertivo ou falta de moderação e regulamentação?”. A conversa foi dividida com Kenji, do canal Normose, e Junior Rocha, do coletivo Quebradev. O encontro foi um espaço rico de trocas e análises sobre o papel das redes sociais na ascensão de discursos conservadores e autoritários, evidenciando como a ausência de políticas eficazes de moderação e regulação contribui para a disseminação de desinformação e discursos de ódio.

A participação da Código Não Binário nesse evento reafirma seu compromisso com a construção de um ecossistema tecnológico mais inclusivo, crítico e voltado para as necessidades reais da sociedade — especialmente das pessoas trans, não binárias, negras, periféricas e de tantas outras identidades que ainda lutam para ocupar espaços de decisão e criação no campo da tecnologia.