Apresentamos o Radar Social LGBTQIA+, o primeiro modelo de IA em português (pt-BR), de código aberto, treinado para detectar discurso de ódio contra pessoas LGBTQIA+ com alta sensibilidade. Criado a partir do nosso primeiro dataset aberto em português sobre ódio anti-LGBTQIA+ — com 12.103 registros sendo 2.099 com rótulos anotados manualmente – o projeto nasceu para embasar o relatório da onda de ataques sofrida pelo podcast Entre Amigues, que também integra a Ação Civil Pública (ACP) contra as Big Techs.
A ferramenta combina aprendizado profundo (deep learning), processamento de linguagem natural (NLP) e modelos baseados em arquitetura de redes neurais profundas (transformers), a mesma tecnologia que impulsiona grandes modelos de IA contemporâneos. O Radar também foi treinado sobre o modelo BERT Tupi (BERTimbau), referência para o português brasileiro, permitindo reconhecer nuances da linguagem do ódio, ironias e formas veladas de discriminação que escapam aos sistemas convencionais de moderação das plataformas.
Desenvolvido em código aberto, o Radar traduz a experiência vivida em rede por pessoas LGBTQIA+ em inteligência coletiva e ação política. Ele identifica padrões de transfobia, homofobia, lesbofobia, bifobia, deadnaming e incitação à violência, e serve como uma infraestrutura cooperativa para pesquisa, advocacy e defesa jurídica. A calibração por limiar permite adaptar o uso ao contexto: resultados com score alto tendem a ser acionáveis; faixa intermediária pede revisão humana; score baixo funciona como ruído contextual. A documentação traz métricas resumidas e exemplos comentados.
Mais do que um modelo de IA, o Radar é um instrumento de resistência digital e justiça algorítmica. Ele foi criado para inspirar novas formas de soberania tecnológica, em que comunidades possam compreender, auditar e transformar as infraestruturas que moldam o discurso público.
Casos de uso incluem monitoramento de redes, geração de alertas e relatórios, suporte a provas e cadeia de custódia (quando combinado a capturas com metadados), além de pesquisa acadêmica. A integração é simples com transformers (API do Hugging Face), e disponibilizamos orientações de implantação, inclusive para fluxos que combinam triagem automática e dupla checagem humana.
O projeto integra a estratégia da Código Não Binário de desenvolver tecnologias abertas e cooperativas, aliando ciência de dados, comunicação e litigância estratégica — ferramentas que servem à vida e à liberdade, e não à violência.
Saiba mais e explore o projeto
- 🤖 Experimente o Radar Social LGBTQIA+ no Hugging Face
- 📄 Documentação e exemplos de integração (no card do modelo)
- 🗂️ Base de Dados de Ódio LGBTQIA+ — primeiro dataset dedicado aberto em português
- 🤖 Experimente também o Radar Legislativo LGBTQIA+ no Hugging Face
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Uso responsável
O Radar Social não substitui moderação humana. Recomendamos auditorias regulares de viés, atenção a contextos irônicos/sarcásticos e testes fora do domínio (plataformas diferentes, novas gírias).
Financiamento
Essa fase desse projeto foi financiada pelo Fundo Social Elas através do Edital Cidadania Mais Digital.
Como citar
Código Não Binário. CC BY-NC-SA 4.0 (2025). Radar Social v2.1 — Modelo em português para detecção de ódio anti-LGBTQIA+. Hugging Face. Disponível em: https://huggingface.co/Veronyka/radar-social-lgbtqia-v2.1.