Entre os dias 24 e 27 de fevereiro de 2025, a Código Não Binário atravessou o mundo para participar da RightsCon Taipei, a maior conferência global sobre direitos humanos e tecnologia, organizada pela Access Now este ano em Taiwan. Recebemos um convite especial para apresentar uma mesa de diálogo inédita: foi a primeira mesa 100% trans da história da RightsCon.


Na conferência, que reuniu ativistas, organizações, pesquisadores e governos de diversos países, colocamos no centro da conversa aquilo que muitas vezes fica à margem: as vozes trans e a disputa política sobre o futuro da internet.
Nossa mesa, mediada por Amanda Claro, diretora de projetos da Código Não Binário, reuniu Veronyka Gimenes (diretora institucional da Código), Timid Robot Zehta (diretora de tecnologia da Creative Commons) e Audrey Tang (ex-ministra de Assuntos Digitais e atual Cyber-Embaixadora de Taiwan). Juntas, discutimos um dos maiores desafios da nossa era: a crescente monopolização da internet por bilionários e big techs — e como essa crise se conecta diretamente com gênero, democracia e a construção de alternativas livres, abertas e comunitárias.

Não é coincidência que corpos trans estejam na linha de frente desta disputa. A captura corporativa da internet afeta desproporcionalmente comunidades que já enfrentam violência, exclusão e vigilância em seus territórios físicos. Mas também são essas mesmas comunidades que têm criado tecnologias de cuidado, resistência e liberdade.
Além da nossa mesa, participamos de sessões fundamentais sobre:
→ Tecnologias para o enfrentamento da violência de gênero e do discurso de ódio online
→ Desafios emocionais vividos por defensores de direitos humanos
→ Crise global de financiamento do terceiro setor, agravada pela suspensão da ajuda internacional durante e após o governo Trump — e como organizações redes de solidariedade e soluções próprias para sobreviver
Saímos da RightsCon Taiwan com a certeza de que o futuro da internet — e da democracia — precisa ser pensado a partir das bordas, das margens, das experiências trans, queer, racializadas, e populares.
E mais do que isso: o futuro da internet que queremos não será comprado. Ele será construído em comum.
